O fascínio que o Maracanã exerce sobre torcedores se mantém intacto, apesar de estar fechado para jogos, cercado de tapumes e destruído internamente pelas obras da reforma que o prepara para a Copa do Mundo de 2014. Milhares de pessoas continuam procurando o velho estádio desde que ele foi fechado, no dia 8 de setembro do ano passado.
A partir de 4 de março deste ano, a Secretaria de Esporte e Lazer criou um novo formato de visitação, na Torre de Virdro, que fica ao lado do Portão 19. Desde então até 23 de abril, 16.736 pessoas procuraram ver um pedacinho desse mágico mundo da bola.
Do total, 60% são estrangeiros: a maioria é de sul-americanos (66%, liderados por argentinos), seguidos por 22% de europeus, divididos entre portugueses, ingleses, alemães e franceses, por 8% de asiáticos, com predominância de chineses, e por 4% da América do Norte.
Atualmente, ali é o único acesso do visitante ao estádio. É um cantinho que preserva a memória do que foi um dia o maior estádio do mundo. Mesmo tendo perdido esta condição há algum tempo, o Maracanã ainda fascina por ser palco do melhor futebol mundial.
Inaugurado em 1950 para a Copa daquele ano, de lá para cá, o Maracanã superou a frustração da perda do título para o Uruguai, gerando, nos anos seguintes, partidas e jogadas históricas pelos pés de dezenas de grandes craques, entre eles Pelé, o maior de todos os tempos, além de uma profusão de títulos estaduais, nacionais e internacionais.
Na Torre de Vidro, o visitante pode conhecer um pouco desse templo do futebol e parte da memória sobre quem construiu a mística do estádio. Vem gente de toda parte do mundo. No mesmo momento em que um grupo de jovens dinamarqueses deixava o estádio nesta segunda-feira, encantado com o que acabou de ver, chegaram dois ônibus com 80 colombianos que estão no Rio para participar de um congresso de representantes comerciais e aproveitaram a folga para conhecer o Maracanã. Diego Arrogave, biólogo, não via a hora de entrar no estádio.
- É um estádio com muita história. O Maracanã é um ícone mundial para quem gosta de futebol. Quando a pessoa vem ao Rio, a primeira coisa que quer fazer é conhecer o estádio. E estou aqui para isso. Mesmo estando fechado, em obras para a Copa, é uma oportunidade única. Quando ele estiver pronto, ao ver jogos nele, vou poder dizer: estive lá quando estava todo quebrado se transformando em um novo estádio – ressaltou Arrogave.
Turistas se encantam com a Calçada da Fama e com estátuas de ídolos
Os colombianos fizeram a festa. Excitados, não paravam de tirar fotos na Calçada da Fama, ao lado da marca de algum craque famoso, como Pelé, Zico, Renato Gaúcho e Romário. A calçada está dividida em duas seções – uma fica no térreo da Torre de Vidro, bem na entrada dos elevadores, com parte das marcas de 100 craques já registradas, e a outra no sexto andar, ao lado de estátuas de Garrincha, Zico e Zagallo e da maquete do novo estádio. Era o caso do entusiasmado Juan Carlos Amaya, torcedor do Millionarios, de Bogotá, mas amante fervoroso do futebol do Brasil, que sempre acompanhou pela televisão.
– Me encanta! É muito lindo e majestoso, não apenas pela estrutura, mas por sua história futebolística. É uma emoção e orgulho muito grandes poder visitar este estádio. Vi pela televisão muitos e maravilhosos jogos disputados aqui, com Flamengo, Vasco e outros clubes e seleção brasileiros. Por uma época acompanhava todos os jogos do Flamengo por causa do Zico – vibrava ele, ao lado da estátua do Galinho de Quintino.
Quem agenda uma visita e paga R$ 10 pela entrada – meia custa R$ 5 – também pode comprar produtos esportivos e souvenires, como uma caixinha com um pedaço das arquibancadas do estádio, num lojinha que fica no sexto andar e, dentro de alguns dias, vai poder frequentar o charmoso barzinho, que será aberto no outro lado do centro de visitação.
Através de um vidro, o visitante ainda pode acompanhar máquinas e operários em ação reconstruindo o velho estádio que terá um novo desenho interno: as arquibancadas serão contínuas e terminarão à beira do gramado, sem fosso separando jogadores de torcida; todas as cadeiras serão numeradas e cobertas pela extensão da atual marquise; e haverá 110 camarotes de luxo em ambos os lados do campo e no meio do estádio.
Até o momento foram demolidos mais de 25 mil metros cúbicos de concreto, dos quais 20 mil já britados, incluindo aproximadamente 180 vigas de concreto. Após separados, o aço é destinado à reciclagem e o concreto, triturado em usinas de beneficiamento, dentro do canteiro de obras, tem sido usado em aterros na própria reforma (70%) ou em outras obras públicas.
Vigilante e entusiasmada anfitriã, a secretária de Esporte e Lazer, Márcia Lins, quando pode vai pessoalmente dar as boas vindas aos visitantes e fala com entusiasmo do que está acontecendo com o velho estádio.
– Nada do que está sendo demolido saiu da área do complexo. O material proveniente das demolições de setores está passando por um inédito processo de reaproveitamento. Isto está permitindo a sua reutilização que contará pontuação para a certificação Leed do novo Maracanã, que se transformará numa das melhores, mais modernas e sustentáveis arenas do mundo – aposta a secretária.
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