A expansão do metrô no Rio de Janeiro com a construção da linha 4, que vai ligar Ipanema à Barra, vai beneficiar milhares de pessoas que se deslocam diariamente entre as zonas oeste e sul, mas a opção de prolongar a rede de forma linear – e não em malha – é fortemente criticada por pesquisadores e moradores de vários bairros da cidade.
Qual o principal problema do metrô do Rio de Janeiro?
A linha 4 vai partir da praça General Osório (que precisará passar por obras de adaptação) e terá outras cinco estações: praça Nossa Senhora da Paz (Ipanema); Jardim de Alah e praça Antero de Quental (Leblon); São Conrado e Jardim Oceânico (Barra). Na prática, funcionará como uma extensão da linha 1.
O projeto original, licitado em 1998 no governo de Marcelo Alencar, foi abandonado pelas administrações seguintes. Ele previa um trajeto de 9 km com a construção de seis estações: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Jardim Botânico, Humaitá e Morro do São João. Quatro anos depois, o traçado foi alterado a partir da estação Humaitá, de onde o metrô seguiria por Laranjeiras (zona sul) até a estação Carioca (centro).
José Eugenio Leal, professor de Engenharia de Transportes da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica), considera o atual traçado da linha 4 uma boa opção. No entanto, avalia o especialista, os potenciais benefícios dessa expansão ficariam limitados, caso o trajeto original seja deixado de lado.
– A cidade não pode ter um metrô completamente longitudinal, mas sim uma malha. Mas uma coisa obrigatoriamente não exclui a outra. A ideia em si é boa. Será ruim se significar não fazer a continuação do traçado original da linha 4, da Gávea, passando pelo Humaitá até chegar ao morro do São João. E ainda tem uma alternativa até melhor do que essa que é a que passa por Laranjeiras.
A Secretaria Estadual de Transportes afirma que, no momento, a prioridade é a ligação Ipanema-Barra. A obra, incluída a pedido do governo do Estado no caderno de encargos com os quais o Rio se comprometeu para sediar a Olimpíada de 2016, vem sendo considerada fundamental para desatar o nó no trânsito em uma das regiões mais engarrafadas da cidade.
O racha provocado pela linha 4 foi tema de uma audiência pública na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) no dia 9 de maio. Professor de Urbanismo da UFF (Universidade Federal Fluminense), Sérgio Rodrigues Bahia questionou a falta de um planejamento de longo prazo que permitisse melhorar a mobilidade no Rio.
– No passado, ainda que não houvesse recursos, havia um planejamento. Temos que aproveitar a oportunidade, mas é preciso ter uma visão mais ampla visando não só aos jogos, mas às demandas reais da sociedade.
Para Leal, a expansão do metrô no Rio – que cresceu menos de 3 km nos últimos dez anos – ficou estagnada por falta de vontade política dos governos e pela pressão exercida pelas empresas de ônibus. Embora ainda esteja longe do ideal, a malha do metrô paulistano cresceu seis vezes mais neste mesmo período.
– No Rio, ficou estagnado por decisão política dos governos. Muda o governo e resolvem não fazer. São Paulo não é tão refém das empresas de ônibus como o Rio.
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