Apesar da falta de estudos mais consistentes sobre a comunidade brasileira que vive nos Estados Unidos, é possível traçar, à partir de entrevistas, um perfil de como estão vivendo hoje os brasileiros que moram por aqui. A realidade dos brasileiros escutados pela reportagem pode ser ampliada para toda a comunidade, com grande probabilidade de reproduzir com veracidade como estão vivendo os brasileiros.
Proprietário de uma loja de celulares que também faz remessas para o Brasil, Vinícius Aguiar, natural de Governador Valadares (MG), há oito anos vivendo em Marlborough(MA), conhece bem a realidade dos brasileiros que estão enviando dinheiro do Brasil, pois a maioria de seus clientes tem padrão semelhante de comportamento no que diz respeito a seus hábitos de consumo. Segundo ele, mais de 90% dos brasileiros que vivem na região ainda enviam dinheiro para o Brasil com várias finalidades diferentes, segundo ele a principal delas é manter a família no Brasil, e a segunda para investir em construção. A média mensal de envio de dinheiro para o Brasil, segundo Vinícius, gira em torno de U$ 1,000 com o imigrante ficando com mais ou menos o mesmo valor para pagar suas despesas aqui (aluguel de quarto, seguro de carro, telefone, etc...), mas antes, segundo ele era diferente, os brasileiros viviam muito mais amontoados em apartamentos , comiam pior e faziam de tudo para juntar dinheiro o mais rápido possível. Vinícius avalia que isto mudou porque os brasileiros foram se estabilizando com o passar do tempo, e aqueles que vieram somente buscar dinheiro diminuiram em relação aos que querem viver definitivamente por aqui. Ele afirma que praticamente não tem chegado novos imigrantes, devido às dificuldades na fronteira do México e também ao fato do dólar baixo, e muitos estão indo embora inclusive no verão, fato que antes não acontecia. Tudo isso, de acordo com Vinícius, completa um quadro de que os brasileiros que ficaram tem padrão de vida melhor hoje do que antes. Ele resume em uma frase o que todos podem comprovar no dia a dia: “Antigamente o brasileiro vivia muito pior, hoje em dia você não vê mais os brasileiros com carros caindo aos pedaços.”
Dono de restaurante brasileiro, Patrick Castro, também natural de Governador Valadares (MG), vivendo nos Estados Unidos há mais de 13 anos, concorda com as opiniões de Vinícius, e complementa que hoje os brasileiros da América vivem de forma muito diferente do que no início quando ele chegou por aqui. “Hoje os brasileiros tem muito mais consciência do que é imigrar e já não dão o sangue para voltar ao Brasil como acontecia antigamente, a maior parte dos que estão aqui agora é para ficar” conclui Patrick.
Gerson Mello, natural da capital de São Paulo, e vivendo há oito anos nos EUA, avalia que é visível a melhoria do padrão de conforto tanto do imigrante quanto de suas famílias no Brasil. Trabalhando em uma loja brasileira de envio de dinheiro, Gérson percebe diariamente que o fluxo de envio de dinheiro para o Brasil continua, e cita o próprio exemplo, já que sustenta sua filha na faculdade no Brasil, mas que se estivesse lá seria difícil estar pagando a mensalidade. Ele acha que a crise americana, aliada com a divulgada melhoria do Brasil, contribuiu para que muitos brasileiros fossem embora na busca de manter um melhor padrão de vida por lá. Quando chegou, Gerson morava em um quarto alugado, e hoje mora sozinho em um apartamento, comprovando que para o imigrante que ficou, a qualidade de vida por aqui também é importante.
Vivendo há 7 anos nos Estados Unidos, Gilcélio Valadão, natural de Mendes Pimentel (MG), trabalha com jardinagem ( landscaping) e lembra a própria história de quando chegou por aqui. Ele morava em um apartamento que dividia com mais três brasileiros, veio sozinho, mas após um ano e meio trouxe a esposa e hoje vive com ela em um apartamento exclusivo. Ele acha que sua qualidade de vida melhorou muito desde que chegou, tanto aqui nos EUA quanto do restante da família no Brasil.
O grande objetivo da maior parte dos imigrantes, seja ele brasileiro ou de outra nacionalidade, é o de melhorar a própria qualidade de vida ou a de sua família. A atual conjuntura desfavorável para os imigrantes acabou diminuindo consideravelmente o tamanho da comunidade brasileira, mas por outro lado, os que ficaram tem buscado viver com melhor qualidade de vida.
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