Em dois anos e meio, a cidade do Rio de Janeiro assistiu ao encarecimento de seu custo de vida, que afeta não só seus moradores, como também os turistas. A cidade subiu 17 posições no ranking das mais caras do mundo para se viver, ficando na 12ª posição entre os mais de 214 municípios pesquisados, de acordo com a consultoria econômica Mercer.
Ficou mais caro visitar os principais pontos turísticos da capital, principalmente, por causa da proximidade da Copa do Mundo de 2014 e da implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).
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A visita ao bondinho do Pão de Açúcar, na Urca (zona sul), está salgada para o bolso de brasileiros e estrangeiros. Enquanto se gasta R$ 44 para conhecer o morro carioca, os turistas que chegam à Estatua da Liberdade não gastam mais do que R$ 30 (incluindo os custos com a balsa que leva até a ilha).
A inflação entre junho de 2009 e junho de 2011 corroeu pela metade a renda do trabalhador carioca, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). No período, o custo de vida aumentou 11,58%.
Essa alta obrigou os trabalhadores da cidade a gastarem quase 104 horas, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), para conseguir comprar uma cesta básica – composta de carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Há um ano, o carioca tinha que trabalhar seis horas a menos para adquirir os mesmos bens.
Outro impacto observado é que, no Rio, o preço das refeições fora de casa é o maior do Brasil. Segundo a Assert (Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador), de janeiro a dezembro de 2010, as refeições ficaram 30,2% mais caras, quase seis vezes o índice de a inflação da cidade.
Alex Agostini, economista-chefe da corretora Austin Ratings, afirma que a inflação aliada ao fato de o Rio ser uma cidade turística gera uma distorção nos preços.
- A taxa de inflação subiu muito nos últimos anos em virtude da mudança estrutural que a economia vive na área do mercado de trabalho. Ou seja, além de o emprego estar em alta, a renda tem acompanhado e esse é um fenômeno que sanciona aumentos de preço.
Cartões postais mais caros
Quem visitar o Cristo Redentor, o monumento mais visitado do país, não pagará pouco. Para subir o morro do Corcovado, é preciso desembolsar R$ 36. O valor está acima do que os turistas pagam para conhecer em Paris, a Torre Eiffel, o monumento mais visitado do mundo. Por lá, a entrada mais cara custa 9,5 euros, o equivalente a R$ 21,18. Ir ao Cristo também é R$ 7 mais caro do que entrar no Coliseu, em Roma (R$ 29).
O preço dos transportes também aflige moradores e turistas. Após reajuste de 12% há menos de dois meses, a tarifa de táxi no Rio se tornou a mais cara do país. Em relação a outros países em desenvolvimento, pegar táxi na Cidade Maravilhosa é para poucos.
Uma viagem de 6 km em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos que vive da venda de petróleo, custa cerca de R$ 8,45. No Rio - também explorador do combustível -, a mesma corrida não vai sair por menos de R$ 11,68. Andar de metrô no Rio está mais caro do que em São Paulo, Los Angeles, Cidade do México, Santiago e outras metrópoles. O valor de uma passagem no Rio (R$ 3,10), compraria, por exemplo, sete bilhetes (R$ 0,40) em Buenos Aires, na Argentina
Em tempos de paz, os preços sobem
A nova política de segurança do Estado que instala UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) em favelas das zonas sul e norte da cidade traz a sensação paz aos moradores e estimula ainda mais o turismo. Por conta disso, os setores hoteleiro e imobiliário viram seus preços subirem a patamares recordes.
Entre junho de 2010 e o mesmo mês de 2011, os preços de hospedagens em hotéis cariocas aumentaram 28%, de acordo com o índice elaborado pela Hotels.com. Passar alguns dias em quartos de hotéis quatro estrelas da cidade está mais caro do que ficar em um hotel da mesma classificação em Londres.
Para se ter uma ideia de como as UPPs refletiram no mercado imobiliário, em três anos, o valor médio do metro quadrado no Rio ficou 120% mais caro, de acordo com o índice FipeZap divulgado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Em Botafogo, primeiro local a receber uma UPP (Morro Santa Marta), a valorização chegou a 65%, de acordo com Mário Amorim, diretor comercial da Basimovel.
- Com o do Rio sediando os grandes eventos esportivos, as melhorias urbanas que vão ocorrer acarretam na valorização dos imóveis antes muito desvalorizados nos mais diversos bairros da cidade.Por ter tido ainda algumas ofertas de terrenos na região, a partir de idos de 2000, Botafogo tem conseguido colocar novos lançamentos praticamente todos os anos. Mesmo sendo poucos empreendimentos, a oferta conseguiu equilibrar um pouco a subida de preço, mas sempre teve boa velocidade de vendas. Hoje já se fala em quase 10mil reais por m2 em média. Há um ano atrás, essa média era de 8,5mil reais por m2 .
Fonte : R7
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