Antes de entrar no Colégio Estadual Pedro Álvares Cabral, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, a estudante Denise Peixoto nunca tinha ouvido falar em tchoukball, esporte que combina técnicas do handebol com o vôlei. Agora, pouco mais de três anos depois, ela não só pratica o esporte toda semana, como participa de competições internacionais.
- Quando assisti pela primeira vez, achei que nunca fosse conseguir jogar, pois é preciso ter muita agilidade e coordenação motora e eu sempre fui gordinha, o que dificultava. Mas, graças ao esporte, não só emagreci como amadureci muito, pois participar de competições exige muita responsabilidade.
Assim como Denise, que fez parte da equipe vencedora do campeonato sul-americano de 2010, disputado em São Paulo, um grupo de alunos da escola treina duas vezes por semana na praia de Copacabana. Eles conheceram o esporte através do professor Cácio Gilla, que entrou no Pedro Álvares Cabral em 2005 determinado a treinar os estudantes.
- Conheci o tchoukball através de um amigo, que fez um treinamento em Foz do Iguaçu. Ele que me ensinou as técnicas do esporte, que foi criado pelo médico suíço Hermann Brandt entre as décadas de 1960 e 1970.
Segundo ele, o que o fascinou no esporte foi o fato de ser muito dinâmico e o risco de lesões ser mínimo.
- Brandt ajudava os atletas a se recuperarem de lesões provocadas durante a prática de atividades físicas. A partir disso, ele resolveu criar um esporte em que a chance de o atleta se lesionar fosse quase nula. Por isso, no tchoukball não há contato físico entre os jogadores.
O jogo
O tchoukball é jogado com uma bola de handebol. O jogador deve atirá-la contra um quadro, que é uma tela esticada simetricamente por um cordão elástico (por isso o nome do esporte, já que tchouk é o barulho que a bola faz ao atingir essa tela). No total, há dois quadros – um situado em cada canto da quadra. A bola muda de equipe cada vez que esta bate no quadro e a equipe adversária a recupera antes que ela caia no chão.
As duas equipes são misturadas na quadra e jogam alternadamente. Se a bola bate no quadro e a outra equipe a domina, esta passa para o ataque. O objetivo do jogo, de acordo com o professor, é tentar fazer com que, após bater no quadro, a outra equipe não consiga pegar o rebote.
- A equipe adversária não pode tentar roubar a bola da que está com sua posse. Quem ataca é livre para atacar e a outra equipe só joga quando a que estava jogando perde a vez, ou seja, quando a bola cai no chão ou quando, após lançamento no quadro, ela pega o rebote.
Campeonatos internacionais
Para Alan, ex-aluno do Pedro Álvares Cabral, o tchoukball representa muito mais do que uma simples atividade física. Graças ao esporte, ele teve a oportunidade de viajar para a Argentina em 2006 para disputar o campeonato sul-americano.
- Graças a essa experiência, resolvi voltar para a Argentina e morei durante um ano lá para estudar espanhol.
Além disso, ele, que foi campeão de tchoukball de quadra e de areia em 2009, garante que a paixão e a dedicação ao esporte não atrapalharam em nada os estudos.
- O professor cobra dos alunos o tempo todo, fala para ninguém deixar os estudos de lado. Até para viajarmos ele exigiu que nossas notas estivessem na média.
Já Marcelo Abreu, que coleciona títulos, entre eles o de campeão sul-americano em 2007, disputado na Argentina, afirma que, graças ao tchoukball, descobriu sua verdadeira vocação.
- Pratico tchoukball há mais de cinco anos e só ganhei com isso. Por isso, quero cursar faculdade de educação física, para poder ensinar para as pessoas.